sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A Idade Média.

"Tudo no mundo começou com um sim" disse Clarice Lispector no livro "A hora da estrela". É preciso primeiro existir para somente depois se dar conta que se existe. E depois, ainda, tentar negar o que se precedeu. Toda a negação é, na verdade, uma forma de caracterizar e de enquadrar. Com um argumento Kantiniano: damos sentido ao mundo e às coisas que nos circundam través da categorização, no espaço e no tempo, dos objetos, das pessoas e de tudo o que nos envolve.

Partindo desta premissa concluí que todas as manifestações artísticas da Idade Média estavam apenas procurando se encontrar, procurando atribuir sentidos e significados novos. Seja por conta da força que a religião possuía, seja por conta dos artistas, esse período tido como "idade das trevas", por causa das diversas invasões bárbaras, é de suma relevância para os fatos que ocorrem após ele mesmo.

Uma dicotomia interessante deste passar da história é justamente a peregrinação. Ao passo que os monges viajavam para as terras mais distantes disseminando seu conhecimento e, principalmente, sua fé. Eles também eram influenciados pelas outras culturas. A partir do momento que se tem outras visões sobre o que você conhece, há um choque cultural. Um choque de valores. Um homem daquele período certamente não consegue lidar com diferentes culturas, afinal foi sempre estimulado a apenas entender Deus de uma maneira única; maniqueísmo puro da Igreja que controla este ser. Porém, no momento em que descobre novas maneiras de se ver o mundo, há duas possibilidades: a aceitação ou a negação.

A aceitação é o relevar das coisas, é o continuar fazendo como se fazia. Ao passo que a negação é a inovação. Nega-se o movimento anterior para se estabelecer novos paradigmas e novas medidas. A Idade Média foi mais do que esperamos dela. Foi um "adolescentismo", uma fase de amadurecer as ideias e o pensamento como um todo, de forma que fosse capaz (e o foi) de preparar o terreno, deixando-o propício para o novo sintagma que surgia: a Renascença.

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