sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Resenha do filme "Elephant" .

O filme “Elephant”, dirigido por Gus Van Sant, causa polêmica em muitas das esferas cinematográficas. Começando pelo próprio nome, que traz uma questão filosófica sobre pontos de vista. O nome, provavelmente, provém de uma parábola budista. Na qual existem três cegos e um elefante, cada cego examina apenas com o tato uma dada parte do animal. Ao terminarem, todos os três convergem à conclusões inexatas sobre o animal. Podemos transcriptar a mensagem dessa parábola oriental trazendo-a para o mundo ocidental: o estudo da Gestalt nos diz que ao olharmos algum texto, ou alguma imagem, a soma de todos os elementos é maior que o número de elementos. Ou seja, em um texto que haja diversos pontos de vista, a soma de todos eles é maior que cada parte excluída. Portanto, os cegos deveriam ter se juntado e compartilhado seus pensamentos sobre o animal, para que pudessem chegar à conclusão mais precisa.

“Elephant” retrata o caso de uma escola em Columbine, U.S.A. Nela aconteceu praticamente um genocídio, no qual dois estudantes entraram na escola armados e assassinaram todos os que passaram em sua frente. O diretor não se importou em detalhar este acontecimento, ao contrário apenas nos mostra cenas longas de pessoas fazendo o que faziam cotidianamente. Poucos diálogos, e a maioria deles não incluem nada para o desfecho da história. Porém, em um certo momento do filme, em uma aula de química, o professor está explicando sobre o processo que alguns elementos ao serem aquecidos ganham alguma cor. Ele explica que a cor vem através de uma energia. E depois de algum tempo, o átomo volta a se estabilizar e perde a cor que tinha adquirido. Nesta mesma cena, enquanto o professor explica este fato, a câmera vai para o fundo da sala e mostra um aluno sofrendo “bullying”.

Pode-se inferir nesta passagem o seguinte: Um garoto sofrendo “bullying” é como um átomo recebendo energia, e quando tem energia o suficiente ele mesmo muda seu próprio estado e se transforma por um tempo em “outra pessoa”. Esta nova pessoa, pode ser um assassino, ou pode sofrer de outro problema psicológico, contudo, no filme, percebemos o assassino sendo formado. Para além destas pequenas inferências, o filme procura ser o mais impessoal possível, pois não possui hora nem data. Conotando que este mesmo fato pode ocorrer em qualquer escola e em qualquer lugar. Os próprios atores, são atores não profissionais, são, na verdade, alunos da escola em que ocorreu o massacre. Desta forma, o diretor mostra que não somente se preocupou em contar uma história impessoal, mas que, também, quis usar rostos desconhecidos e que beiram a realidade e a espontaneidade.

Por fim, alguns temas deste filme, acabam sendo recorrentes pelo diretor, como a homossexualidade e os jovens. É provável que o diretor use disso para demonstrar um retrato que ele próprio possui do mundo. Ou do mundo que virá, ao passo que jovens tornam-se adultos.

A Idade Média.

"Tudo no mundo começou com um sim" disse Clarice Lispector no livro "A hora da estrela". É preciso primeiro existir para somente depois se dar conta que se existe. E depois, ainda, tentar negar o que se precedeu. Toda a negação é, na verdade, uma forma de caracterizar e de enquadrar. Com um argumento Kantiniano: damos sentido ao mundo e às coisas que nos circundam través da categorização, no espaço e no tempo, dos objetos, das pessoas e de tudo o que nos envolve.

Partindo desta premissa concluí que todas as manifestações artísticas da Idade Média estavam apenas procurando se encontrar, procurando atribuir sentidos e significados novos. Seja por conta da força que a religião possuía, seja por conta dos artistas, esse período tido como "idade das trevas", por causa das diversas invasões bárbaras, é de suma relevância para os fatos que ocorrem após ele mesmo.

Uma dicotomia interessante deste passar da história é justamente a peregrinação. Ao passo que os monges viajavam para as terras mais distantes disseminando seu conhecimento e, principalmente, sua fé. Eles também eram influenciados pelas outras culturas. A partir do momento que se tem outras visões sobre o que você conhece, há um choque cultural. Um choque de valores. Um homem daquele período certamente não consegue lidar com diferentes culturas, afinal foi sempre estimulado a apenas entender Deus de uma maneira única; maniqueísmo puro da Igreja que controla este ser. Porém, no momento em que descobre novas maneiras de se ver o mundo, há duas possibilidades: a aceitação ou a negação.

A aceitação é o relevar das coisas, é o continuar fazendo como se fazia. Ao passo que a negação é a inovação. Nega-se o movimento anterior para se estabelecer novos paradigmas e novas medidas. A Idade Média foi mais do que esperamos dela. Foi um "adolescentismo", uma fase de amadurecer as ideias e o pensamento como um todo, de forma que fosse capaz (e o foi) de preparar o terreno, deixando-o propício para o novo sintagma que surgia: a Renascença.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O que te faz pensar?

As sinapses explodem numa nuvem de descargas elétricas. Todo o pensamento atravessa um turbilhão eltétrico. Engraçado; da faísca surge o pensamento. A eletricidade gera ideias. Conceitos. Cultura. Complexos. Arte. Vida. Morte. Pensar, pelo próprio fato de questionar, já é mais que simplesmente viver. Mais que um animal que passa por processos de produção de conhecimento parecidos com os nossos. Produzimos só pelo fato de se articular sobre. Há uma ligação Homem-Eletricidade mais forte do que se é pensado. Sem eletricidade não pensamos, não vivemos. Viver é pensar sobre o cotidiano, agir e refletir através do conhecimento que se é produzido. O Racionalismo puro destrói nossa subjetividade. Porém, esta necessita ser tangibilizada, alcançada pelo nosso conhecimento do longe.